A adjunta da Sedap, Eliana Zacca, observou que “diante da
situação difícil em todo o país, é preciso ter o pé no chão para
ver o que pode ser atendido”
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Trabalhadores rurais representantes de 13 assentamentos das regiões norte e nordeste do Pará foram recebidos na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) para discutir uma pauta de reivindicações. A ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) faz parte da jornada nacional de luta por justiça e reforma agrária. Os assentados querem apoio para a aquisição de patrulha mecanizada usada no preparo de solo, insumos e sementes, implantação de agroindústrias para processar a produção de leite e frutas, além de parceria na realização de feiras e capacitação de produtores.
A secretária adjunta da Sedap, Eliana Zacca, observou que “diante da situação difícil em todo o país, é preciso ter o pé no chão para ver o que pode ser atendido”. O diretor de agricultura familiar, Luiz Pinto, sugeriu o levantamento das necessidades de cada área para elaborar um projeto que contemple a demanda dos trabalhadores. As capacitações se darão por meio do repasse de conhecimento em Unidades Demonstrativas implantadas nos assentamentos, com a introdução de culturas perenes em meio às de subsistência (arroz, feijão, milho e mandioca), pelo Sistema Agroflorestal (SAF), para garantir renda permanente.
Na mecanização, a Sedap dispõe 100 horas de trator que serão usadas no preparo de solo, primeiramente em áreas de 2,5 hectares em seis assentamentos. “Em oito horas dá pra se trabalhar mil metros quadrados de terra”, informou o diretor técnico, Sálvio Freire. A Sedap tem projeto de capacitação em biojoias e panificação, que seriam alternativas de renda para as mulheres do campo.
O processamento da produção será estudado após o levantamento da oferta de produtos já iniciado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O diagnóstico vai dizer se o volume da produção justifica a implantação de agroindústria. A pauta incluiu também demandas nas áreas de educação, questão fundiária e meio ambiente, a serem acolhidas pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e pelos Institutos de Terras do Pará (Iterpa) e de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado (Ideflor-bio).
O MST solicitou a construção de viveiros de mudas, bancos de sementes e capacitação dos agricultores. O presidente do Ideflor-bio Tiago Novaes informou que os viveiros já estão sendo implantados e anunciou que o próximo será entregue em maio, no assentamento Paulo Fonteles, em Castanhal. Os técnicos se encarregam de todo o material para montagem e ficam uma semana no local para orientar os agricultores na produção de mudas.
A ideia do MST é criar um banco de sementes crioulas (não transgênicas) de feijão e milho, para garantir a permanência das espécies orgânicas. Um projeto poderá ser criado juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), que já trabalha com essa experiência.
Na área fundiária os trabalhadores rurais querem a regularização de terras, o levantamento da cadeia dominial e a criação de polos agrícolas em seis assentamentos de Irituia, Ipixuna, Santa Luzia, Santa Isabel, Benevides e Acará. Pedem ainda a criação de um quarto assentamento para 56 famílias que ocupam a fazenda Peruano, em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará.
Trata-se de um aforamento onde a família Mutran explorava castanha. Após o esgotamento dos castanhais, o local foi abandonado e hoje é ocupado pelo MST. “O Estado não pode interferir em área particular, cabe ao Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) fazer a desapropriação”, informou o presidente do Iterpa, Daniel Lopes, garantindo que o órgão vai estudar a situação das outras áreas para saber o que pode ser feito, já que todas estão em processo judicial.
Quanto à educação, os trabalhadores se reunirão ainda nesta terça-feira com os vários departamentos da Seduc responsáveis pelo acolhimento de demandas como construção de escolas, implantação de laboratórios de informática e das modalidades Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Uma nova reunião ficou agendada para o dia 25 na Sedap para encaminhamento das propostas.
(Leni Sampaio/Agência Pará de Notícias)
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