Esta semana, completa dois anos da tragédia no rio Pará, em Barcarena, região metropolitana de Belém, quando um navio com mais de cinco mil bois vivos e 700 toneladas de óleo a bordo naufragou. A embarcação saía do porto de Vila do Conde, com destino à Venezuela.
A tragédia atingiu a vida de milhares de pessoas nessa região. As famílias prejudicadas contam que até hoje não foram indenizadas por causa da tragédia ambiental, social e econômica.
Depois de dois anos do naufrágio, o navio Haidar continua no fundo do rio Pará. Os animais que estavam a bordo morreram afogados, muitos presos na embarcação, em uma das cenas mais chocantes já vistas.
O banho nas águas foi proibido e o movimento de frequentadores das praias de Barcarena, Abaetetuba e ilhas vizinhas caiu. Pescadores também não puderam mais retirar o sustento dos rios e os impactos do naufrágio continuam sendo sentidos até hoje.
“As pessoas ficam com receio de comprar o peixe dos pescadores, pensando que ele está contaminado. Só que isso não procede. O nosso peixe está bom para o consumo, tanto que nós, moradores, nos alimentamos desse peixe também”, explica Kézia, representante do Centro Comunitário de Vila do Conde.
Vários laudos comprovam danos sociais e ambientais provocados pelo desastre que geram um valor mínimo de R$ 71 milhões em indenizações.
Dona Ana trabalhava em uma barraca, mas teve de fechar as portas, porque não tinha para quem vender. “Nós pagávamos aluguel, ai tivemos que sair do bar, porque não tínhamos como pagar, por causa do movimento, que acabou”, conta. “Desde quando aconteceu isso, aqui não presta mais pra nada”, avalia outra moradora.
Kézia conta que batalha por melhores condições de vida dos moradores e que em torno de 1.500 famílias devem ser indenizadas só em Vila do Conde. “Estivemos no dia 25 como Dr. Laércio, da promotoria de Barcarena, e a informação que ele nos passou foi que a partir desse mês talvez sejam chamadas as lideranças comunitárias para fazer o levantamento da lista dos moradores, para ver de que forma vamos ser beneficiados com a indenização”, diz.
Navio continua no fundo
O píer onde o navio naufragou continua interditado. Segundo o presidente da Companhia Docas do Pará, Parsival Pontes, os prejuízos têm sido grandes por causa da interdição dessa parte do porto. “Isso trouxe uma perda de receita mensal. Se esses dois beços estivessem operando, estaríamos com mais duzentos e cinquenta a trezentos mil reais ao mês. Outro navio não pode atracar ali porque o navio está naufragado naquela parte”, explica.
“Temos quase dois anos de naufrágio e uma conta de aproximadamente sete milhões de reais de prejuízos”, estima o presidente da CDP. Segundo ele, o órgão não tem recursos para fazer a retirada do navio. “A retirada e reflutuação do navio foi avaliada em R$ 60 milhões e a CDP jamais teria esse recurso”, diz. G1 Pará
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